Ao meu velho amigo!
Meu amigo
Nos perdemos nas ruas escuras da lembrança
Viver era sonhar em paz
Trocávamos verdes opacos
Por vermelhos cintilantes
Que enxarcavam nossas bocas
E se fundiam ao nosso sangue
Caçavamos o amor primitivo
Sentavamos na grama ao sol
Ser feliz era o compromisso
E o que nos une hoje
Senão a esperança
De um dia iluminarmos
As ruas escuras de nossas lembranças
Montanha
Te abrigo
Desde teu nascimento em mim
Amor
Tantas vezes te vi saltar entre minhas fendas
E ranhuras
Até chegar ao topo
E observar
Com olhos de contentamento
Todos os teus sonhos
Por várias vezes te alojei dentro de mim
Até mesmo desconhecendo
Os perigos que meu interior podiam te oferecer
Por quantas vezes minha rigidez te causou tristeza
Minha forma áspera e irregular
Te causou dor
Por quantas vezes te vi escalar pra clamar por mudanças
Por dias melhores
E agora te vejo
Testando as asas
Ensaiando vôos
Desejando leveza
E eu faço o eco do mundo, dizendo: Vai!
Eu continuarei aqui
Com o triste adeus de quem fica
Firme, parecendo forte
Mas constantemente transformado pela sutileza e delicadeza
Da vida.
E tudo que eu quero é que sua fé me mova.