Ilhado
O quê há com você garoto?
Por quê se prende a essa ilha?
Lança-te ao mar
O vento guia as embarcações
Mas não precisa acompanha-las
O vento aponta para todas as direções, todas as possibilidades
Olha garoto, você não precisa renegar a tudo
Você não precisa pintar flores pra enfeitar a solidão que você mesmo causa
Tudo o que não quer é econtrar-se nos outros
Bem cara, esse jogo é perdido
Veja quantos outros há em você
Una-se a eles
Não isola-te
O que te cega, caro jovem, é o teu desejo de querer enxergar a sua realidade (tão irreal)
De querer ver apenas beleza
Mas isso acaba aproximando-te da solitária feiura
Diga-me garoto, é isso que quer?
Mais um protesto perdido
Minha fé guardada em uma redoma de desesperança
Contra mentes ardilosas e seres infames
De alma atroz
Como hienas sorridentes, que vivem da desgraça
Lambendo a presa ensanguentada dos leões
Encontro-me surdo
Aos apelos dos corruptos, que trazem na boca palavras maculadas
Protegidos pelos muros altos do labirinto
Onde poucos detém o saber do minotauro
Condenando em eterna prisão, os que deveriam proteger
De homens de vida curta, que nos espreitam nas sombras
Pevertido pela ganância
Engordando um porco sujo de lama
Homem sem paz, homem que não descança…
Assassinos
O medo é tão persuasivo
Faz nascer da dor o grito
Quem ouvirá? Quem socorrerá?
Levarás contigo o pranto
Pois a paz e segurança só encontrarás no paraíso.
Eu não tô afim!
Eu não tô afim
De mais uma opinião
Eu não tô afim
De escutar uma confissão
Eu não tô afim
De quebrar meu coração
Eu não tô afim
De levar mais um não
Eu não tô afim
De cagar com o cú na mão
Eu não tô afim
De qualquer empurrão
Eu não tô afim
De ter que pedir perdão
Eu não tô afim
De entrar em confusão
Eu não tô afim
De dar com a cara no chão
Eu não tô afim
De fazer por obrigação
Eu não tô afim
De resistir a tentação
Eu não tô afim
De causar impressão
Eu não tô afim
De abraçar a solidão
Eu não tô afim
De perder minha fé na superstição
Eu não tô afim
De predileção
Eu não tô afim
De lamentação
Eu não tô afim
De um pouquinho de atenção
Eu não tô afim
De exploração
Eu não tô afim
De levar uma vida em vão.
P.s.: Dedico essas palavras ao meus amigos Silas e Erison. Aposto que vocês me ajudariam a dizer muito mais coisas do que todos nós não estamos afim. Abraço companheiros!
Fogo
Colocando fogo no quarto
E vendo o mundo queimar pela janela
Impregnando com fumaça as falsas flores
Braseando os corpos
Aquecendo as almas
E no fim
Tudo é cinza.
Amanhã severo
Trocamos de postos
Afogando em suor
Tropeçando em ossos
Ainda esperando algo melhor?
Gira mundo
Se eu sei, eu nego
Se não há mais porque
O amanhã será severo
O sangue flui
Vida veste rubra cor
O sangue coagulado
É onde reside a dor
Meus desejos
Sim, eu sei, me entrego
Em dias consumidos
Por um amanhã severo
Lindos e tristes
Em falso desespero
Palhaços de nova maquiagem
Fazendo dilúvio no chuveiro
Tão contraditório
O que vejo e não enxergo
Será que você suportará
O amanhã severo?
O relógio apressa
E isso é tão moderno
Um pouco mais de sexo
Vinte minutos voltas ao inferno
Abandone tudo
Você é esse resto
Puro e pronto
Para o amanhã severo!
Canção boba para dois (Ele)
Eu quero me casar com a garota do meu prédio
Eu sei muito bem, ela não leva a sério
Não é como em um jogo de sorte ou azar
Eu sei muito bem, tudo vai se encaixar
No final… É sempre feliz
Casa, carro, filhos, tudo que a gente quis
Tudo bem! Mas não vamos apressar
Deixa com que essa semente possa vir a vingar
Canção boba para dois (Ela)
Eu quero me casar com o garoto do meu prédio
Não entendo por que não te levaria a sério
Não importa o caminho que teremos que traçar
Só quero estar ao teu lado quando chegarmos lá
No final
Onde se é feliz
Por quê o melhor de tudo é estar junto a ti
Tudo bem, eu posso esperar com quê essa semente possa vir a aflorar.
Das dores
Ninguém sabe do segredo
Que reside neste corpo
Atingido por rajadas de vento
Adormecido por cristais gélidos
Que chegam a queimar
E a dor o faz rugir
Como trovões
Como martelos atingindo bigornas
Moldando a arma que atacará para proteger
Cortando o ar
Tocando o eco
Antes de borrar o sorriso do próximo
Com uma canção incolor
Samba de adeus
Foi adeus
Quando pediste pra dizer que não te amava
E exigiste
A única moeda que eu ainda portara
Pra apostar no que restou
No teu amor cheio de dor
Em um pedido com fevor
Da distância desolada
E então
Eu vaguei por onde jamais caminhara
E agora
Sou obrigado a desconhecer tua estrada
E entender que o quê ficou
São as marcas que deixou
As lembranças sem calor
Dessa eterna alvorada
Por quê foi a Deus
A quem eu negara quando aceitei teu pedido
E me entregaste a fita rosa de amor prometido
Quando me pediste pra dizer adeus
Adeus, ai Deus, adeus.
Eu preciso de alguém
Eu preciso de alguém que não precise de mim
Que fuja comigo da lucidez
Que não me cause problemas
Que me julgue sem o auxílio da lei
Eu preciso de alguém que não durma no seu lado escuro
Que desconheça o caminho para conhecermos novas trilhas
Com coragem para pular o muro
Que não confie em estrelas guias
Eu preciso de alguém que ouça
Que ofereça calma
Que ame o prazer e na dor sofra
Que acredite, se arrependa, aja com causa
Eu preciso de alguém…