Tenho

abril 25, 2011 at 8:53 pm (Uncategorized)

Tenho percorrido teus altos e baixos
Entrado no teu mundo
Sentido o prazer da tua vida
Tenho acolhido teu peso
Suado no teu ritmo
Alcançado o gosto na tua saliva
Tenho me nutrido da tua carne
Me sentido divino no teu templo
Excitado na tua alegria
Tenho enxergado no escuro
Convencido o pudor a ficar desnudo
Encontrado a paz perdida
Tenho me entregado
E não há guerra vencida
Sendo eu prisioneiro e tu a saída.

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Não é pena, são asas.

abril 20, 2011 at 11:53 pm (Uncategorized)

Ela olhava pra mãos dele
Enxergava a encarnação dos sentimentos dele
Pena, era só nisso que ela focava
Mas suas mãos eram mais
Assim como as dela
Eram asas
Que faziam voar tudo que se debatia por dentro
Todo o caos
Todo o sal
As deduções dela o pertubavam
Mantia-o calado
Pensativo
Perdido, lendo-a
Não entendia como ela transformava
Toda a estrada em simples retas
Nenhuma curva
Ambos olhos sem reflexo
Embaçados por pura defesa
Bocas sem promessas, sem profecias
Vez ou outra, desculpas e acusações
Ele fez e ela acabou fazendo
Fizeram
E só tem restado recolhimento
Especulação
Os mesmo personagens
Na mesma história
De único parágrafo
De prosa contínua
Como a vida
Como a troca de rajadas de ventos que nascem debaixo das asas.

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Meia-noite, meio-dia.

abril 14, 2011 at 5:31 pm (Uncategorized)

Eu era jovem
Eu era meia-noite
Amanheceu
Tornei-me homem
Sou meio-dia
Apenas metade de um dia
Enchendo meus bolsos
Pra manter meu peito vazio.

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Vem!

abril 14, 2011 at 5:19 pm (Uncategorized)

Vem, me toca de qualquer maneira
Veste comigo o azul
Entra comigo nessa viagem
Que a distância é bobagem
E a crença no amor é inteira
Vem, sobe as escadas
Dorme com hora marcada
Desce, me ama na garagem
Que te dou vantagem
Pra você me ganhar
Vem, senta comigo
Discute sobre o mesmo assunto
No mesmo lugar
Que te rendo com um beijo
E forramos a calçada pra jantar
Vem, me fala do teu dia
Me faz um pedido
Fala pra não me atrasar
Que eu me perco no antigo
E levo chocolate quente pra me desculpar
Vem, descança tua mão na minha
Seca tuas lágrimas no meu rosto
Rega teu sorriso nos meus olhos
Que na tua presença sou rei deposto
Na tua ausência sou moldura sem fotos
Vem, me convence a cantar
Que eu tento disfarçar
E me escondo na timidez
Mas componho uma canção na madrugada
E escrevo na tua tez
Vem, abre tua porta
Vê que pintei pra alegrar sua manhã
Pega a surpresa na tua janela
Me puxa pra dentro
Me ama e deixa tua respiração apagar o sol como se faz com uma vela…
E nesse momento deseja o que eu desejo: Vem!

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Queda.

abril 11, 2011 at 11:17 pm (Uncategorized)

Caí
Ralei alguma coisa no chão
Há sangue em mim
Caí
E não houve ninguém pra me ajudar
Não escutei uma gargalhada
Não houve nenhuma imagem em outra retina
Caí
E parte da minha vida está no chão
Está lá
Carros a levarão em suas rodas
Pra distâncias que desconheços
Mas lá estarei
Parte de minha vida morta
Enterrada a quilômetro da pista
Eu caí
E não se estendeu nenhuma mão
Só o estrondo
Sem canção
Não houve piedade
Não houve preocupação
Ecoou meu grito: Porra! Foda-se tudo! Tudo nessa merda, tudo!
E segui
Foi apenas uma queda.

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Entrega.

abril 11, 2011 at 10:47 pm (Uncategorized)

Doei minha fuga
Dei meu último trago
Cedi meu gole derradeiro
Sem lamentar
Certas coisas não se cobra
Não estou falando de migalhas
Estou falando do que me resta
Da única coisa que me sobrou.

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A garota que caminha no tempo.

abril 11, 2011 at 10:40 pm (Uncategorized)

Eu ouço você se aproximando
Escuto seus passos
Tic-tac, tic-tac
O barulho dos seus saltos
Caminhando na distância
Vencendo o tempo
Eu torço, mas você não acelera
Há beleza no seu desfile
Na morosidade da sua volta
Te encontrarei alta em sua elegância
Tua sensualidade amadurecida
E as horas ausentes, envelhecida
Na demora de nosso abraço.

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Canto na varanda

abril 4, 2011 at 11:10 pm (Uncategorized)

Vai na varanda
Faz dela teu palco
Eleva tua voz, meu amor
Faz ela vibrar o ar
Que tua voz vira mar
E tua melodia
Será maré
Correnteza contínua
Maresia corroendo a distância
Enxarca minha alma
Afoga minha solidão
Abre teu coração
Desagua teu canto
Que o vento é oceano
E eu mergulho na tua canção.

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Pescador

abril 2, 2011 at 5:07 pm (Uncategorized) ()


Era do tipo que acreditava em milagres
Então lançou-se nas águas
Afim de ceifar o mar
De colher os frutos
De afogar uma parte de sua vida
Tentando arrancar da imensidão turbulenta
O conforto para a amada
Pescador fisgado pelo amor
Guiou-se pelas estrelas
Adimirou-se com a influência da lua
Lutou contra Netuno
Só pensando nela
Farol de sua vida
Voltou esgotado, seco
Em suas mãos
Iscas
Ela o abraçou
E o fez continuar acreditando
Que é preciso navegar.

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